17 de Junho de 2009
O hóquei é um esporte fantástico. Eu mesmo, embora bastante acostumado não consigo ficar muito longe dele.
Já vivi momentos fantásticos como atleta, dirigente e treinador, alguns deles muito felizes e outros bastante doloridos. E, entre choros e risos, tiveram os que misturaram os dois.
Sempre ouvi dizer que as emoções eram muito mais difícies de controlar quando se está fora da pista. E, verdade, neste dois casos que vou contar, eu sequer estava de patins, pois eram partidas de Hóquei Feminino.
Em 2004, quando a Seleção de do Brasil foi para o Mundial da Alemanha, a preparação foi péssima. Não houve tempo de treino, e algumas jogadoras só se conheceram no aeroporto, até porque existia mesmo dúvida se iríamos ou não.
E mesmo assim fizemos um campeonato ótimo e chegamos na semifinal, onde enfrentamos Portugal, pela segunda vez consecutiva. No jogo, difícil, chegamos ao intervalo perdendo de 2-0, resultado que parecia impossível reverter.
Mas então, obra do destino e de um acalorado bate-boca das minhas jogadoras com os torcedores portugueses, o impossível aconteceu. Cheias de brio, as meninas conseguiram o acesso à final com uma vitória histórica por 4-3.
Três anos antes, em 2001, aconteceu a Taça Mundial de Clubes, em Portugal, organizado sob a asa do forte poderio econômico da Nortecoope. Em quadra, a Portuguesa, de São Paulo, enfrentava o C.D.Nortecoope, de Portugal.
Pelo C.D.Nortecoope, minha irmã desfilava toda sua classe, e iria enfrentar, pela primeira e última vez, o esquadrão que a projetou, comandada pelo pai, num jogo que valia tudo. Criador versus criatura. Passado contra presente.
O jogo terminou 3-0 para o C.D.Nortecoope, que terminou campeão do mundo. Pat fez um dos gols que afundaram a Portuguesa e, depois de marcá-lo, chorou como se uma lança a tivesse partido ao meio. Depois desse dia, nunca mais houve hóquei feminino na Lusa.
Em ambos os casos, chorei. Chorei muito, desolado, de soluçar. Chorei como chora uma criança, sozinho, jogado num canto da bancada. Chorei tanto que, até hoje, salvo pela distância do tempo, ainda escrevo essas palavras de olhos mareados.
É aquela sensação de algo que nunca mais vai se repetir. Nunca.
Quem ama o feio, bonito lhe parece.
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